Vender e comprar pela internet tem se tornado cada vez mais comum no Brasil, especialmente durante e após a pandemia. O e-commerce brasileiro cresceu como nunca de 2020 pra cá e, neste guia, nós vamos te mostrar como surfar esta onda. Você vai entender como montar uma loja virtual do zero, conhecer as principais tendências e ter ideias de negócios para montar um e-commerce.
Você vai ver que vender online não é nenhum bicho de sete cabeças - mas você vai precisar ser persistente, usar tecnologia e conhecer sobre técnicas de vendas, marketing digital e tráfego pago se quiser ter sucesso. E, claro, dar um bom atendimento pós-venda se quiser que seus clientes continuem comprando da sua loja virtual.
Vamos te explicar também porque entender sobre precificação é tão importante em um negócio online e como você vai fazer isso da melhor forma possível.
Entre os principais benefícios de se vender pela internet, você provavelmente já sabe, mas não custa reforçar: os custos fixos são menores, você pode vender para todo o Brasil, você ter fornecedores parceiros para não precisar ter estoque grande e, o mais evidente, seu negócio fica aberto 24 horas por dia.
Dados sobre vendas online (e-commerce) no Brasil
De acordo com dados da NeoTrust, o Brasil teve 115 milhões de usuários no e-commerce em 2021, o que representa uma penetração de 54%. Diversas instituições e pesquisas mostram que o País tem cerca de 2 milhões de lojas virtuais.
Para se ter uma ideia, a receita do e-commerce no Brasil cresceu quase 70% de 2019 para 2020 - saindo de R$ 75,1B para R$ 126,3B, de acordo com dados compilados pelo Statista. O crescimento seguiu robusto em 2021, com a receita chegando a R$ 161B (+22%). A previsão para 2022 é que a receita chegue a R$ 174B. Vale ressaltar que outras instituições trabalham com números maiores do que estes.
O e-commerce também viu sua participação no varejo triplicar de 2018 para 2021, saindo de 4% para 13%. Especialistas apontam que este número tende a crescer nos próximos anos.
Para se ter uma ideia, a participação do e-commerce no varejo nos EUA é de 20%, enquanto que no Reino Unido e na China é de 27% e 50%, respectivamente.
Diversas instituições e pesquisas mostram o aquecimento do e-commerce. Um destes estudos mostra, por exemplo, que a venda online superou a dos shoppings centers.
Outra pesquisa, esta sobre o perfil do e-commerce brasileiro em 2020, apontou que o ritmo de expansão do total de lojas online é superior a 40% ao ano.
De acordo com a Nielsen, o e-commerce vai continuar com crescimento expressivo no Brasil nos próximos anos. Mesma conclusão de levantamento feito entre o PayPal Brasil e a BigData Corp, que mostra que o e-commerce ainda é embrionário e deve ter crescimento exponencial nos próximos anos.
Um estudo intitulado The Global Payments Report 2022 aponta que o crescimento global no e-commerce deve ser de 55% até 2025, enquanto que no Brasil a previsão é de 95%. Ou seja, o comércio eletrônico no Brasil deve crescer quase duas vezes mais rápido do que no mundo.
Algumas manchetes:
Defina o que vender pela internet
Se você ainda não tem um negócio físico ou mesmo online, o primeiro passo é definir o que você vai vender pela internet. Tão ou mais importante do que definir um grande segmento (moda, por exemplo) é definir para qual nicho seu produto se destina.
Os principais segmentos do e-commerce hoje no Brasil são:
- Roupas e acessórios;
- Casa e decoração;
- Cosméticos;
- Mercado pet;
- Produtos de informática e tecnologia.
Agora imagine que dentro de cada grande segmento deste existam dezenas de outros. Quer um exemplo?
Roupas e acessórios:
- Fitness;
- Moda praia;
- Moda sustentável;
- Pijamas para crianças, para idosos, temáticos;
- Roupas para festas e ocasiões especiais;
- Fantasias.
Você pode buscar inicialmente produtos para revenda, buscando fornecedores que trabalham neste formato. Ou, desde o início, trabalhar na sua marca - com certeza algo diferenciador no futuro.
No segmento de moda, por exemplo, você pode apenas vender roupas masculinas ou pode, por exemplo, fazer como a Insider Store, que trabalha com o conceito de "roupas funcionais e tecnológicas". Ou a Minimal Club, que trabalha com o conceito de "roupas básicas premium". Ambas entenderam a dor no mercado e endereçaram seus produtos para estes nichos.
Quer mais um exemplo? A Simple Organic se coloca como a primeira e principal marca de clean beauty do Brasil, mas o que a diferencia é que a matéria-prima usada nas fórmulas é cruelty-free, vegana, natural e orgânica. Certamente, um nicho. A amoKarité é outro exemplo nesta linha - disponibiliza maquiagens naturais, veganas e artesanais.
Ou pegue o exemplo da Vandal, que vende camisetas com "estampas incríveis". No acervo, camisetas com memes e frases engraçadas. Ou a Pró Spin, que vende artigos para os amantes do tênis. Ou a Batera Clube, e-commerce que vende bateria e itens para aficionados pelo instrumento.
E-commerces especializados em bebidas não faltam, como é o caso da Wine e da Evino. Outro exemplo é o Meu Móvel de Madeira, um dos maiores cases brasileiros e que comercializa peças de decoração e móveis em madeira.
Outro case super interessante é o da TAG Livros, que oferece uma assinatura na qual é enviado um livro por mês (é possível também comprar os livros e kits de forma avulsa). Ou que tal o DarkSide Books, que vende livros com temática de terror? Incríveis!
Ideias de e-commerce para você começar seu negócio
Se você procurar por "ideias para e-commerce" no Google, vai se surpreender com a infinidade de possibilidades. Nossa dica é você buscar produtos que já demonstraram alguma tração de vendas ou em um setor/mercado que você já tenha conhecimento.
Aqui, algumas ideias.
Mercado pet:
- Suplementos alimentares para cachorros e gatos;
- Acessórios para pets (roupas, coleiras);
- Móveis para gatos (arranhadores, nichos de parede).
Roupas e acessórios:
- Camisetas tecnológicas para esportes;
- Acessórios para noivas;
- Roupas preto-e-branco para mulheres.
Casa e decoração:
- Itens e acessórios para churrasco;
- Acessórios de barro para cozinha;
- Canecas e objetos personalizados com fotos.
Canais para vender pela internet
O passo seguinte é escolher em quais canais você vai vender seus produtos. Existem várias plataformas de venda para e-commerce que podem te ajudar nesta missão - as mais conhecidas são Nuvemshop, Shopify, Loja Integrada e Tray. Ao escolher a plataforma, leve em conta também as taxas cobradas pelos meios de pagamento integrados.
Outra escolha óbvia são os marketplaces, como Mercado Livre, Shopee, Amazon, entre outros. Entre os prós, o grande ganho é potencialmente ter acesso a milhões de consumidores. Entre os contras, é brigar só por preço e ter a margem reduzida, por conta das taxas altas cobradas.
Uma alternativa que vem sendo cada vez mais utilizada é usar redes sociais como Instagram, TikTok e YouTube para criar audiência e vender produtos diretamente aos seguidores, usando apenas um meio de pagamento integrado ou via WhatsApp. A dificuldade é obviamente conquistar seguidores e conseguir realizar vendas.
Para todos os casos, vale como dica ter termos de uso claros e uma política de reembolso que te resguarde de quaisquer problemas.
Precifique corretamente seus produtos
Para qualquer negócio, definir corretamente o preço é fundamental para você chegar ao lucro. Dedique tempo nesta missão.
Considere não só o custo do produto, mas também gasto com publicidade (entenda no detalhe o que é ROAS, uma das métricas mais importantes para e-commerce), prestadores de serviços e outros custos relacionados.
É comum muitos empreendedores se basearem apenas no preço da concorrência ou simplesmente colocarem uma margem em cima do preço de compra/produção.
Existem quatro principais métodos de formação de preço que você precisa conhecer:
- Por margem de contribuição;
- Por markup;
- Baseada na concorrência;
- Baseada no lucro.
A margem de contribuição é uma das mais usadas, pois permite estabelecer o quanto se quer ganhar em cima de cada item vendido. A fórmula da precificação por margem de contribuição é simples: Margem de contribuição = Valor de venda – Custos e Despesas variáveis.
Na precificação por markup, você vai se basear nos custos envolvidos em cada produto. O objetivo final é achar o preço que faça a conta fechar e entregue o lucro esperado. Pode-se usar como fórmula: Markup = 100 / [100 – (DV + DF + LP)], onde DV significa percentual das despesas variáveis; DF, o percentual das despesas fixas e LP, o percentual do lucro desejado.
Na precificação baseada na concorrência, não tem muito mistério. Você olha para o que os concorrentes estão cobrando e forma o seu preço de venda. Isso é muito comum em quem vende via marketplaces um produto sem muitos diferenciais. Por exemplo: quem pagaria mais caro numa pilha Duracell entre 2 opções?
Na precificação baseada no lucro, você se baseia no lucro nominal esperado, levando em conta os custos envolvidos. Neste caso, basta acrescer um determinado valor ao custo do produto. A fórmula é: Preço de Venda = (Custo do Produto + Lucro Objetivo)/(1-Impostos – Taxas da venda).
Vendeu? Boa! Agora vem a parte da logística
Parte fundamental de um e-commerce, a logística muitas vezes é relegada a segundo plano. Pense em todas as vezes que você comprou algo na internet e o produto demorou pra chegar… Não é frustrante?
Cada vez mais a logística é vista como um diferencial. Deixe claro no seu site em quantos dias o produto será entregue e crie uma régua de comunicação de acordo com as principais etapas - as boas plataformas oferecem isso, mas pouca gente investe o tempo necessário para configurar as mensagens com cuidado.
Estruture processos claros e simples para que sua empresa tenha agilidade na separação, empacotamento e postagem dos produtos. Acredite: isso faz toda a diferença.
Dê especial atenção ao seu estoque e o giro dos seus principais produtos. Se você trabalha com parceiros, informe-o constantemente da sua necessidade de produtos.
Conhecimento em marketing digital para vender online
Se você já vende online, sabe que ter conhecimentos em marketing digital é de extrema importância, pois determinadas estratégias vão te ajudar a alcançar mais clientes, vender com mais facilidade e ter maior margem de lucro.
Você vai precisar atrair visitantes pro seu site e convencê-los a comprar de você. A etapa seguinte é fidelizar.
A recomendação é criar um funil de vendas e uma jornada de compra, para que você possa endereçar as melhores táticas para cada fase dessa jornada.
Na parte de atração de visitantes/clientes, por exemplo, existem alguns caminhos:
- Redes sociais - Instagram, Tik Tok e Youtube ou influenciadores que estão nestes canais;
- Tráfego pago - Facebook/Instagram Ads, Google Ads, Google Shopping;
- Inbound marketing/SEO - Produzir conteúdo para ser encontrado no Google;
- E-mail marketing - Para reativar a base de clientes.
Quanto mais assertivo você for ao executar, mais fácil será encontrar os clientes ideais e vender.
Capriche no design do site e nas páginas de produtos, com fotos profissionais e descrições detalhadas dos produtos. Ter um visual atraente é essencial para passar segurança e aumentar a conversão.
Não deixe de dar atenção à página que fala sobre a sua empresa. De acordo com especialistas em conversão em e-commerce, esta página costuma ser uma das mais visitadas.
Disponibilize também canais de atendimento - mesmo que a maioria dos seus clientes não use, isso transmite confiança. Ter uma página com perguntas frequentes (FAQ) é outra dica.
Atendimento e pós-venda
Procure oferecer um atendimento rápido e cortês para seus clientes. Afinal, se eles buscaram o atendimento é porque estão com algum problema.
Ter uma boa política de troca e de reembolso, por exemplo, além de dar transparência aos seus clientes, te ajudar a dar um atendimento de melhor qualidade.